Willer Zaghetto
Dentre as diversas doenças que acometem a saúde mental uma das mais relacionadas ao suicídio é a depressão, estando presente em até 50% dos casos. Mesmo com a subnotificação, o Brasil é o país com maior índice desta patologia na América Latina, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), acomentendo duas vezes mais mulheres.
Assim, não é possível falar em enfrentamento ao suicídio sem tocar na problemática de depressão.
Essa doença não é causada pela “falta de Deus”, nem tampouco é consequência de uma “mente fraca”, essas são falsas crenças arraigadas na sociedade, as quais dificultam imensamente a abordagem em relação a esse mal.
Na verdade, ela é um transtorno mental, ou seja, uma patologia que acomete o cérebro e é capaz de alterar a percepção de mundo, o comportamento, a memória, as emoções, dentre outros aspectos.
Apesar da maioria das pessoas com depressão apresentarem desânimo, sonolência, isolamento, ou choro fácil, ela vai muito além dessa tristeza, os sintomas são diversos, e precisam ser analisados para que se possa chegar ao diagnóstico correto.
Em sentido oposto a essa apatia, ela pode cursar com irritabilidade, raiva, inquietação, agitação, insônia, aumento do apetite, etc.
Essa gama de sintomas dá origem a diversos tipos classificáveis de depressão, o que torna mais necessária ainda a avaliação profissional, principalmente da psiquiatria.
Apesar do diagnóstico ainda ser clinico, as mudanças cerebrais tão são reais que podem ser verificadas por meio de exames de imagens como a ressonância magnética, podendo ser considerado como auxiliar na determinação do quadro.
Como já relatado no artigo anterior a maioria dos que cometem suicídio são do sexo masculino. Muitas vezes por considerarem enganosamente que a necessidade de pedir ajuda seja uma fraqueza, evitando-a.
Ainda mais quando apresentam sintomas que não evidenciam facilmente, ao leigo, que se trata de depressão. Lembre-se, o setembro amarelo é mais que mera simbologia de uma cor, representa um chamado urgente para que o silêncio seja quebrado. Procure ajuda!
Willer Zaghetto é médico formado pela UFMT e atua como Perito Oficial Médico Legista.